sábado, 6 de junho de 2015



A QUEDA


Não digo que estou
no fundo do poço
porque este não é mensurável
e sempre se pode cair mais ainda.
Mas estou numa queda livre
e vertiginosa.
A roupa do passado não me serve,
o presente é roto
e estou sem vestes para o futuro.
E numa queda os laços vão-se rompendo,
se dissolvendo,
desagregando-se.
Nenhum laço segura um homem
que cai por muito tempo.
A dignidade é uma palavra para pessoas de pé.
Na horizontal os conceitos são outros. (REZENDE, 2011, p. 15).

Os versos desse poema deixam transparecer a angústia existencial, a solidão e a melancolia pela qual o eu lírico está passando. O autor afirma que nessa queda os laços vão se rompendo e não poderão segurar um homem que está numa queda vertiginosa. Ele completa que se perde até a dignidade quando se está em uma situação dessas.
Neste poema o autor demonstra uma angústia existencial, um pessimismo que perpassa toda sua obra. Ele utiliza a metáfora para descrever o presente, passado e o futuro como podemos observar nos versos a seguir demonstrado:

A roupa do passado não me serve,
o presente é roto
e estou sem vestes para o futuro.

O eu lírico encontra-se insatisfeito temporalmente. Não se pode viver do seu passado, não está satisfeito com o presente e se mostra sem perspectivas para o futuro, sem planos e desmotivado.
O trecho:
A dignidade é uma palavra para pessoas de pé.
Na horizontal os conceitos são outros.

Retrata que alguns valores prezados pela nossa sociedade são apenas para manter as aparências, e que ao morrer não se leva nada, logo, esses valores são apenas ilusórios.
O poeta se sente só e angustiado e demonstra utilizando um ditado que diz que quando alguém está derrotado, ele está “no fundo do poço”. O eu lírico afirma que não está no fundo do poço porque este é imensurável e sempre se pode cair mais ainda, ou seja, a situação pode piorar ainda mais.

REZENDE, Milton. A sentinela em fuga e outras ausências. Rio de Janeiro: Multifoco, 2011. p.15.


CAMPOS, Maria José Rezende. Tempo de poesia: intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende. 2013. 120p. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013. p.46-47.

O poema  A Queda de Milton Rezende demonstra uma situação-limite, como ele diz para além do fundo do poço, tão bem analisada na dissertação de Mestrado de Maria José Rezende Campos.

Agora eu, Stael Rezende, enquanto psicóloga, faço uma terceira análise: Haveria necessidade do eu-lírico, que representa todos nós, ter chegado a essa condição de Queda livre? Angústia Existencial?, Solidão?, Melancolia?, Desespero?

Vou fazer uma provocação ao eu-lírico: À medida que sempre existem maneiras de se procurar ajuda e tratamentos.







Psicóloga Stael Rezende (UFSJ) - CRP-04\43387.                                      
staelcontato@hotmail.com e starezende2010@hotmail.com
Telefones: (31) 7563-3841 (TIM) – (32) 85139852 (Claro)

 http://lattes.cnpq.br/1366039229637223