segunda-feira, 6 de julho de 2015





Jaulito é uma animação espanhola lançada em 2008. Foi selecionada entre as finalistas do concurso de melhor curta-metragem de animação da Espanha no Artfutura de 2009. É dirigido por Javier de la Torre. Jaulito nasceu trancado em uma gaiola. Um dia ele consegue escapar com ajuda de um corvo, mas jamais imaginou que a gaiola que tirava sua liberdade, era a mesma que lhe ajudava a viver.

Esse curta-metragem me remeteu diretamente ao mito da caverna escrito por Platão. A situação vivenciada é exatamente à mesma, o medo da liberdade e o quanto vivemos e construímos um alicerce nesse lugar que nos dá uma suposta "estabilidade", à custa de muita vida, a um preço muito alto.

O Mito da Caverna, foi escrito pelo filósofo Platão e está contido em “A República”, no livro VII. Na alegoria narra-se o diálogo de Sócrates com Glauco e Adimato. É um dos textos mais lidos no mundo filosófico.

Platão utilizou a linguagem mítica para mostrar o quanto os cidadãos estavam presos a certas crendices e superstições, que lhes eram possíveis no momento. A história narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo dela, presos a grilhões e correntes, Ali contemplavam as sombras no fundo da parede produzidas por uma rachadura, uma réstia de luz. Os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desafazendo diante deles. Era assim que viviam os homens. Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância e pelo medo.
Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se para o lado de fora da caverna, sair para ver o que havia além e logo ficou cego devido à claridade da luz. E, aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do que estava acostumado a “ver”. Voltou para a caverna para narrar o fato aos seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o mataram.

Com essa alegoria, Platão divide o mundo em duas realidades: a sensível, que se percebe pelos sentidos, e a inteligível (o mundo das ideias). O primeiro é o mundo da imperfeição e o segundo encontraria toda a verdade possível para o homem. Assim o ser humano deveria procurar o mundo da verdade para que consiga atingir o bem maior para sua vida. Em nossos dias, muitas são as cavernas e gaiolas em que nos envolvemos e pensamos ser a realidade absoluta.

A relevância e atualidade do mito não surpreende: muitas informações denunciam a alienação humana, criam realidades paralelas e alheias. Mas até quando alguns escolherão o fundo da caverna? A liberdade tem seu preço. O Mito da Caverna é um convite permanente à reflexão.

sexta-feira, 3 de julho de 2015


Garra Rufa (Doctor Fish)


Recomendo o curta-metragem com algumas restrições. É uma animação, um filme caricatural, portanto não retrata fielmente como se dá a clínica psicanalítica, até porque não é o seu objetivo. É uma maneira divertida de se pensar as relações terapêuticas, as relações entre pacientes e psicólogos e o quanto o profissional também precisa de cuidados terapêuticos, também enfrenta questões, não está imune aos dilemas existenciais nem aos conflitos da vida. 



“O que você vai dizer, antes de dizer à outra pessoa, diga a você mesmo.”



As palavras acima são do pensador romano Sêneca e todos nós deveríamos (tentar pelo menos) pôr em prática diariamente. As palavras têm poder e é importante se preocupar com elas, pois elas podem agradar ou ferir, emocionar ou ofender, trazer felicidade ou decepção, construir ou destruir.



É tão importante falar e ser ouvido que muitas pessoas buscam por terapia e psicanálise para compreender a si próprias e a seus conflitos.



Produzido em 2010, pela Frozen Mammoth & Sheridan Productions, o curta-metragem de animação “Garra Rufa” (Doctor Fish), de Tony Tarantini, aborda atendimentos clínicos de um experiente psicoterapeuta de meia idade que atende os mais variados pacientes. Em um certo momento, no entanto, ele se vê preso a uma profunda questão pessoal, e quem precisa ser ouvido é ele.



“Garra Rufa” não tem (e nem precisa de) diálogos; é apenas embalado pela excelente trilha de Alex Liberatore.



A reflexão que esse filme me proporcionou e que eu gostaria de passar adiante foi a da sabedoria popular:



As quatro coisas que não voltam para trás: 
a pedra atirada, 
a palavra dita, 
a ocasião perdida 
e o tempo passado.

Talvez o filme dê ênfase a palavra dita, mas pacientes procuram terapia/análise muitas vezes em função de várias dessas questões aglomeradas. As vezes é possível prevenir uma palavra inadequada, uma agressão gratuita...

Psicóloga Stael Rezende (UFSJ) - CRP-04\43387.                                      
staelcontato@hotmail.com e starezende2010@hotmail.com
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Sobre a Loucura do Trabalho

O vídeo abaixo consegue, em pouco mais de sete minutos transmitir a crueldade com que se estabelecem as relações de trabalho.
Assista! Se por acaso sentir-se identificado com a trama, saiba que não é mera coincidência, essa trama é real, é a loucura do trabalho de como o trabalho está estruturado na sociedade e suas exigências que estão cada vez mais para além do que o humano é capaz de suportar.
Talvez esse vídeo seja a gota d'água que faltava para que você não se deixe engolir pela voragem capitalista e busque ajuda psicológica para romper os grilhões dessa corrente e caminhar rumo ao resgate da sua saúde bio-psico-social-espiritual. Talvez não, o vídeo sequer incomode quem já se adaptou à gaiola e se esqueceu que tem asas.   






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sábado, 6 de junho de 2015



A QUEDA


Não digo que estou
no fundo do poço
porque este não é mensurável
e sempre se pode cair mais ainda.
Mas estou numa queda livre
e vertiginosa.
A roupa do passado não me serve,
o presente é roto
e estou sem vestes para o futuro.
E numa queda os laços vão-se rompendo,
se dissolvendo,
desagregando-se.
Nenhum laço segura um homem
que cai por muito tempo.
A dignidade é uma palavra para pessoas de pé.
Na horizontal os conceitos são outros. (REZENDE, 2011, p. 15).

Os versos desse poema deixam transparecer a angústia existencial, a solidão e a melancolia pela qual o eu lírico está passando. O autor afirma que nessa queda os laços vão se rompendo e não poderão segurar um homem que está numa queda vertiginosa. Ele completa que se perde até a dignidade quando se está em uma situação dessas.
Neste poema o autor demonstra uma angústia existencial, um pessimismo que perpassa toda sua obra. Ele utiliza a metáfora para descrever o presente, passado e o futuro como podemos observar nos versos a seguir demonstrado:

A roupa do passado não me serve,
o presente é roto
e estou sem vestes para o futuro.

O eu lírico encontra-se insatisfeito temporalmente. Não se pode viver do seu passado, não está satisfeito com o presente e se mostra sem perspectivas para o futuro, sem planos e desmotivado.
O trecho:
A dignidade é uma palavra para pessoas de pé.
Na horizontal os conceitos são outros.

Retrata que alguns valores prezados pela nossa sociedade são apenas para manter as aparências, e que ao morrer não se leva nada, logo, esses valores são apenas ilusórios.
O poeta se sente só e angustiado e demonstra utilizando um ditado que diz que quando alguém está derrotado, ele está “no fundo do poço”. O eu lírico afirma que não está no fundo do poço porque este é imensurável e sempre se pode cair mais ainda, ou seja, a situação pode piorar ainda mais.

REZENDE, Milton. A sentinela em fuga e outras ausências. Rio de Janeiro: Multifoco, 2011. p.15.


CAMPOS, Maria José Rezende. Tempo de poesia: intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende. 2013. 120p. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013. p.46-47.

O poema  A Queda de Milton Rezende demonstra uma situação-limite, como ele diz para além do fundo do poço, tão bem analisada na dissertação de Mestrado de Maria José Rezende Campos.

Agora eu, Stael Rezende, enquanto psicóloga, faço uma terceira análise: Haveria necessidade do eu-lírico, que representa todos nós, ter chegado a essa condição de Queda livre? Angústia Existencial?, Solidão?, Melancolia?, Desespero?

Vou fazer uma provocação ao eu-lírico: À medida que sempre existem maneiras de se procurar ajuda e tratamentos.







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domingo, 17 de maio de 2015





CONSULTAS E CONSULTÓRIOS

            A consulta estava marcada para as 15 horas de uma tarde de inverno. Chegou acompanhado da esposa e levava um envelope contendo os resultados dos exames e toda a sua sorte estava selada ali, naquele envelope branco com escritas em verde que acabara de pegar no laboratório de análises clínicas.

            Não tivera coragem de abrir o envelope e as mãos trêmulas mal podiam suster o peso do seu diagnóstico. A esposa tentava encorajá-lo dizendo que toda vida ele tinha sido muito forte e determinado e não seria agora que uma meia dúzia de sintomas iria impedir os seus sonhos.

            No consultório aguardava sua vez, juntamente com os outros que foleavam revistas velhas com medo de se olharam nos olhos e ver a sua angústia refletida nos olhos dos demais, como se num corredor da morte. Pensou na espera dos condenados à morte nos minutos fatais que antecedem a execução.

            Contudo, ele não estava ali para ser fuzilado e aquilo era só uma consulta com o oncologista. Poderia, de repente, não ser nada daquilo que ele imaginava desde que começou a sentir fortes dores, perda de peso e um sem-número de pequenas evidências que ele colecionava sem saber montar o derradeiro quebra-cabeça da existência saudável.

            Vinte e sete anos de casamento, seis filhos e a aposentadoria próxima o levava a fazer muitos planos de desfrute de alguns dias de paz, depois de tantos e tantos anos de labuta constante e poucos resultados práticos. Pelo menos conseguira educar os filhos no básico e a partir daí as escolhas não seriam mais dele. No entanto preocupava-se.

            A secretária chegou à saleta e chamou-o pelo nome: “Seu Manoel?!”

            O Doutor, entre sério e sorridente disse: “sente-se”!

            Reparou, por alguns instantes no consultório do médico, de relance, pois logo em seguida o Doutor disse: “Bem, vejamos o que temos aqui!” abriu o envelope e seus olhos percorriam o laudo do laboratório e a sua fisionomia não revelava nada, enquanto lia e anotava os dados numa ficha.

            A esposa o aguardava do lado de fora e os filhos todos espalhados pelo mundo, tentando se encaixar no mundo. Sentiu-se só, vulnerável como no dia em que nascera, 58 anos atrás na zona da mata mineira. Ansioso, aguardava a sentença do médico que, se positiva o levaria de volta pra casa e, com algum repouso, dieta e medicamentos poderia continuar a cuidar dos seus passarinhos.

            O médico interrompeu seus pensamentos, pigarreou, dobrou o papel do exame, colocou-o de volta no envelope branco com letras verdes e disse, num tom normal de quem lida com a coisa diariamente por anos-a-fio, num desafio constante de enfrentar e tratar a doença dos outros.

            -- Sô Manoel, não adianta eu mentir para o senhor, os exames são claros. Terá   que ter muita coragem e enfrentar a coisa!

            -- Doutor, quanto tempo me resta?

            -- Difícil dizer, vai depender da sua resposta ao tratamento, da quimioterapia, da radioterapia, da sua tolerância e resistência à medicação... só posso dizer que faremos o melhor para amenizar e aliviar seu sofrimento, em busca daquilo que seja melhor para o senhor e sua família, dentro das suas possibilidades.

            Ainda uma vez olhou em panorâmica para o consultório e deteve-se diante de um porta-retratos do médico e de sua família, provavelmente era no México, Cancun talvez, enfim, cenários totalmente improváveis para ele, agora e sempre.

            Saiu do consultório já com uma resolução tomada, de si para si, mas não diria nada à esposa Marlene, além do terrível diagnóstico. Tinha uns contatos com a turma do bairro e contava com eles para proporcionar-lhe os meios de que precisava para encerrar.

            Era essa a sua primeira ideia, de momento.

            Já na rua, sua esposa, impaciente, queria saber: “Marlene, querida, nada a fazer, é sério, jáem estágio terminal e poucos meses, pelo que entendi do médico”.

            -- Não, não pode, não pode ser, ainda não, não, pelo amor de Deus, não, nunca desanime, faremos o que for possível, há de haver um jeito. Vamos buscar uma segunda opinião, ouvir nossos filhos, tratamentos alternativos, milagres existem, pode crer, eu mesma sei de muitos casos em quê...

            Silêncio.

            No dia seguinte acordou cedo, ou melhor, nem dormira. Foi direto para a Vila Bragantina, aonde tinha aqueles conhecidos e queria um três oitão. Uma varredeira de rua fazia o seu trabalho rotineiro e o impediu, pela sua simples presença e testemunho, de consumar o seu intento, num momento de choque e de desespero. No fundo ele não queria que ninguém soubesse de sua desistência.

            Manoel não sabia o que dizer em casa, quando voltasse. Tomara um porre, pra finalizar. No entorno de onde estava havia um galpão de reciclagem e ele ficou ali, absorto, observando e absorvendo o movimento. Alguns traziam papel, caixas de papelão, plástico, metais e latinhas amassadas num rodízio frenético e desimportante como a vida.

            Uma garota japonesa e um velho chamaram-lhe a atenção para um mesmo objetivo: a sobrevivência e a continuidade da vida. Conversou com eles por algum tempo enquanto olhava para as árvores e os pássaros cantando. Um corvo pousara sobre o seu destino e não havia asas para surpreender a moita de mato que irrompera em seu caminho, como um obstáculo.

            No caminho de volta, circunscrevendo até melhorar e retomar a fiada da vida inevitável verificou uma placa que dizia: Consultório de Psicologia. Olhou para os lados, desconfiado e entrou. Mesmo não havendo chances de salvar sua vida poderia, ao menos, compreendê-la melhor, lidar com os desafios e as dificuldades que havia e seguir em frente com qualidade de vida até o final inevitável que o médico havia dito eque ele não poderia fugir. Era um diagnóstico terrível que ele teria que aceitar.

            Todos os seus ancestrais haviam passado por isso, por esse desafio antes de morrer e não podiam contar, naquela época, com essa ajuda inestimável para proceder a travessia.

            Estava resoluto a tentar e entrou com uma ideia de recuperação em sua cabeça e a moça, simpática, ao recebê-lo disse-lhe: ‘acho que posso te ajudar”! e assim foi..

            As luzes na casa de Manoel, desde então, tiveram uma nova perspectiva e luminosidade de compreensão, e quando ele morreu a dor era menor, apesar da escuridão e de ter que conviver com ela.

Antes que se diga, o corvo incorporou-se à família e o acompanhamento psicológico se estendeu à viúva, dando um novo significado para asua vida.Roupa limpa na cama em que Sô Manoel se banhara em sua partida. Luz!




Esta é uma crônica escrita por Milton Rezende, escritor e poeta, meu pai, que fez a gentileza de contribuir com nosso blog tratando de um tema tão delicado e ao mesmo tempo tão corriqueiro.

Milton Rezende




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Amar é uma decisão!
                                   Stael Rezende

Propósito, disposição, desejo... O que eu tenho pra dizer é do que aprendi, e só posso falar da minha pouca vivência, afinal, são meus “... vinte e poucos anos...”.
Decidi, então, falar algo do que aprendi sobre os sentimentos com as pessoas que por algum motivo insondável foram colocadas em meu caminho. Pois se teve alguém que me ensinou algo sobre os sentimentos foram as pessoas com as quais eu compartilhei afetos e vivências.
É incrível como depois de um tempo vamos compreendendo o significado de frases tão famosas e clichês como “amar se aprende amando”. Eu entendi que aquele que não se abre para as relações de afeto não troca, esconde; e amar, trocando em miúdos, é trocar.
Aprendi que amar é definitivamente entregar-se, mas tem que ser uma entrega por completo, sem restrições mesquinhas. Observar de perto, de tão perto, que se possa ver os poros, é dessa distância que podemos cuidar.
No dicionário, um dos sinônimos do verbo cuidar é interessar-se por, se nos propomos amar, nos propomos a uma busca de conhecimento pelo que nos desperta tal sentimento. Cuidar e olhar bem de perto nos deixa encantados com belezas, assim como nos surpreende com diferenças que irão nos por a prova a cada momento, mas é a todo momento mesmo!! E aí?
Quando somos colocados à prova perante a diferença, a vontade que dá é de fugir mesmo, de chamar o outro de bobão, de xingar um baita dum palavrão pra se auto-afirmar e desistir. Tem tantas possibilidades nesse mundão de meu Deus, né!
Aí eu questiono: e a decisão de amar, não era um propósito? Vamos amarelar na primeira diferença? Na primeira dificuldade? Tenho visto que o caminho não é esse. Aceitação, perdão, confiança, tudo está tão relacionado com as relações que estabelecemos com aqueles que amamos.
Para ficar mais claro, eu faço a imagem na minha mente da seguinte maneira, penso nas relações que vamos conquistando na vida como um sistema solar. Somos o sol e vamos trazendo pra perto de nós aqueles que escolhemos manter por perto da nossa órbita, mas tem um detalhe: Só ficam aqueles que querem, que desejam, que também se propõem a esse crescimento.
 Se os quisermos perto precisamos alimentar essa relação, iluminar e irradiar vida. Essas órbitas giram com o transcorrer da vida e em algum momento precisamos estar mais perto de alguns dos que amamos, ou algum deles precisa de nossa presença mais constante. Com o passar da vida as órbitas trocam os amores de lugar.
Agradeço a todos os que já fizeram e aos que ainda fazem parte da minha órbita por me permitirem a grandeza que é lapidar os sentimentos.

“A vida é arte do encontro

Embora haja tanto desencontro pela vida” Samba da Bênção Vinicius de Moraes


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segunda-feira, 11 de maio de 2015

A alegria dos outros

É muito mais fácil ficar do lado de quem precisa de nossa ajuda, do que daquele que está feliz, vibrando ao comemorar uma vitória que é só dele.  

Por Charles Feitosa

A primavera chegou em Berlim. Depois de um inverno relativamente ameno, os alemães comemoram dias de sol e céu azul e ocupam animadamente os cafés, terraços e parques. Não são só as flores que vão reaparecendo nas margens do Spree, o rio que corta a cidade. Reaparecem também as crianças e suas brincadeiras, as saias e os t-shirts e, principalmente, dezenas de casais apaixonados pelas esquinas.
A primavera é uma estação em que todo mundo fica feliz. Quase todo mundo. Em um domingo festivo de sol, leio com surpresa o artigo irado de uma jornalista, irritado com a acintosa exibição de felicidade dos casais de namorados nos bancos dos bares, praças e metrô. Fico me perguntando por que a alegria dos outros pode ser tão incômoda. Sabemos que a lógica da inveja se baseia no cálculo comparativo: eu e o outro somos iguais, mas o outro tem algo que eu não tenho, cuja posse eu não apenas desejo, mas também acredito merecer. Daí a raiva e o ressentimento. Seria possível imaginar um mundo em que eu pudesse me “alegrar com o outro”, mesmo ele tendo um bem que eu não possua?
Uma das dificuldades está no próprio regime da alegria. A alegria intensa, aquela dos enamorados, costuma ser total e irrestrita. A alegria tem algo de crueldade, não respeita os limites de ninguém, simplesmente não pode ser escondida. É como o sol, tem de brilhar e pronto. Entretanto, que o brilho da alegria alheia não nos aqueça, mas nos agrida, não é culpa dela mesma. Talvez a dificuldade resida no fato de que a alegria de estranhos nos seja estranha também. Será que se fossem amigos ou parentes, seria mais fácil se deixar contagiar pela sua felicidade?
Infelizmente acontece a mesma coisa na relação entre pais e filhos, entre irmãos ou entre amigos. Ao contrário da sabedoria popular, que afirma como verdadeiros amigos aqueles que se mostram presentes na hora da necessidade e da dor, é muito mais difícil ficar do lado de quem está comemorando uma vitória do que daquele que precisa de nossa ajuda. É o que sugere Nietzsche no parágrafo 499 de Humano, Demasiadamente Humano (1878) ao associar  a amizade não à capacidade de “sofrer com” (Mitleid), mas sim de “alegrar-se com” (Mitfreude). Para Nietzsche, a compaixão esconde um excessivo enamoramento de si mesmo, como se só fosse possível confirmar a própria superioridade e a própria força diante de alguém que está frágil e dependente. A compaixão é parente da inveja.
Talvez estejamos demasiadamente presos a formas de alegria que exigem causas como o prazer de possuir um bem ou o prazer de ver o outro sem bem nenhum. A alegria que nasce da alegria do outro, esse sentimento ainda sem nome, segue outra lógica, um tanto quanto paradoxal, mas plenamente possível: alegrar-se sem as razões e sem as explicações habituais. Em última instância, essa alegria diz respeito à serenidadede deixar que a vida – com suas catástrofes e suas delícias – continue para os outros, mesmo após nossa morte. Como toda alegria, essa forma absurda também tem um clima de primavera, pois traz ar, luz e liberdade de movimento.

Charles Feitosa é doutor em Filosofia pela Universidade de Freiburg I B/Alemanha e autor do livro explicando a filosofia com arte. Ediouro, 2004.



Se a felicidade de outras pessoas tem te causado incômodo, vamos pensar juntos no motivo pelo qual isso acontece?

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sábado, 2 de maio de 2015



Você sabe a mudança que poderia trazer para sua vida se frequentasse um psicólogo? Se você deseja melhorar seu dia-a-dia e crescer, veja o que podemos fazer juntos nos atendimentos clínicos:
Você estaria cuidando da sua saúde emocional, o que reflete na melhora de sintomas físicos. Cuidar de você, é entrar em um processo de auto-conhecimento e acarreta na melhoria do relacionamento com seus familiares, amigos, parceiros de trabalho e demais pessoas com as quais você convive. 
A terapia fornece apoio emocional para que você perceba a sua maneira de agir, evitando assim que cometa os mesmos erros repetidamente, o que te impede de ter um relacionamento saudável.
As sessões de terapia contribuem para desenvolver o seu projeto de vida, identificar seus objetivos e metas a curto, médio e longo prazo elaborando técnicas para facilitar o percurso até as conquistas. Caso não esteja satisfeito com sua vida até o momento é possível rever seu projeto de vida e mudar o rumo das coisas.
Também impulsionam sua produtividade, à medida que ela poderia estar sendo bloqueada por pensamentos não racionais, inconscientes, e que ainda assim têm capacidade de influenciar suas atitudes.
Frequentar um psicólogo é garantir que as etapas da vida e os momentos de transição, alguns que teriam de tudo para serem vivenciados com stress, transcorram com tranquilidade, te ajudando em cada elemento do seu cotidiano:

Algumas das situações mais comuns em que as pessoas procuram atendimento psicológico:


  • Gravidez planejada e/ou não planejada; Gravidez na adolescência; Gravidez quando já se tem filhos; Gravidez de Risco; Aborto espontâneo.
  • Adoção; Adoção tardia; Adoção internacional.
  • Infância dos filhos; relação entre irmãos; conflitos e ciúmes entre irmãos.
  • Vida escolar dos filhos; dificuldades escolares.
  • Inclusão escolar de crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais.
  • Inclusão no mercado de trabalho de pessoas com transtornos mentais; deficientes e com outras necessidades especiais.
  • Pessoas com transtornos mentais e Deficientes, comportamentos adictos (vícios) e compulsões.
  • Para realizar avaliações psicológicas e Psicodiagnósticos.
  • Adolescência, paixões, amores, namoros e decepções amorosas.
  • Vestibular  e ENEM; Orientação Vocacional (Re-orientações em demais momentos da vida como mudança de cursos, de trabalho, aposentadorias)
  • Vida universitária: As dificuldades de viver fora e longe de casa pela primeira vez; As cobranças da vida acadêmica e um universo de prazer, festas e diversão à disposição a qualquer momento. Como conciliar? Como manter o equilíbrio?
  • Formatura; vida adulta e suas responsabilidades; A dificuldade de Inserção no Mercado de Trabalho; Desemprego; Análise dos níveis de satisfação ou insatisfação no emprego. É possível mudar o cenário.
  • Desentendimentos e/ou conflitos em relações de amizade, entre familiares, sócios.
  • Em busca de Palestras e Consultorias do psicólogo em suas empresas e eventos.
  • Casamentos; Atendimento ao Casal; Atendimento Familiar; Separação conjugal;Disputas de Guarda dos filhos; Alienação Parental.
  • Novos relacionamentos; Novos arranjos familiares; 
  • Novas orientações sexuais; Relações homoafetivas e demandas dos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros.
  • Demandas de diversas outras minorias que estão ganhando cada vez mais voz e vez utilizando-se de um direito que é seu, Os Direitos Humanos.
  • Diagnóstico de doenças; Diagnóstico de doenças crônicas; constatação de situação terminal de vida.
  • Pessoas com transtornos mentais; Deficientes.
  • Envelhecimento; Morte; Luto.



Esta listagem contém o que é mais comum aparecer em consultórios de psicologia. Mas neste mundo no qual vivemos mudanças constantes, a cada momento surge uma nova “maneira” de sofrer, por novos ou velhos motivos.
Pode até ter parecido que esta é uma listagem com o intuito de classificação de transtornos, mas definitivamente é tudo o que este texto não pretende ser. O que eu quero com ele é ajudar você que ainda não conhece muito bem a psicologia e do que se trata a profissão do psicólogo a perceber o quanto ela pode e tem a contribuir.
Existe uma infinidade de possibilidades de sofrimento e cada um vai criar a sua (Como assim? Eu estou criando todo esse meu sofrimento? Sim, está.) Assim como existe uma infinidade de possibilidades de crescimento que estão sendo impedidas por cada um de nós, a famosa auto-sabotagem. (Agora eu estou impedindo a mim mesmo de conquistar meus objetivos? Sim, está.) Sim meu caro, de certa forma você está, uma parte de você chamada inconsciente está trabalhando contra você e só a partir do momento que conseguirmos bater um papo sério com ele temos chance de mudar esse cenário, e para conversar com ele é preciso conversar consigo mesmo, o que é a tarefa da análise.
Só você sabe o que você quer e precisa melhorar em você ou onde e o que te dói, afinal de contas, como já cantava Caetano Veloso “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. 
Só te recomendo um cuidado: Não espere que a dor se agigante para cima da parte deliciosa da vida, não permita que se crie aos poucos em sua vida uma sucessão de dores e sofrimentos profundos o bastante para construir um labirinto que parece não ter saída, que já dominou as delícias da identidade alegre que um dia você teve.
Ele tem! É claro que tem! Conseguiremos encontrar a saída do labirinto. Apenas teria sido muito mais saudável se você tivesse conseguido procurar ajuda nos primeiros sintomas de sofrimento. Para isso conte com seus amigos, familiares e comigo: Essa é minha missão: Ajudar-te a encontrar o caminho de volta no labirinto da dor e/ou descobrir com você quais são as delícias que fazem com que sua vida seja mais leve.  

Psicóloga Stael Rezende (UFSJ) - CRP-04\43387.   
                                   
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segunda-feira, 27 de abril de 2015



Ainda sobre dores e doenças....







O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Peste bubônica, câncer, pneumonia
Raiva, rubéola, tuberculose, anemia
Rancor, cisticircose, caxumba, difteria
Encefalite, faringite, gripe, leucemia
O pulso ainda pulsa (pulsa)
O pulso ainda pulsa (pulsa)

Hepatite, escarlatina, estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia
Úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes, asma, cleptomania
E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco
Assim...

Reumatismo, raquitismo, cistite, disritmia
Hérnia, pediculose, tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide, arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie, câimbra, lepra, afasia
O pulso ainda pulsa
O corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco
Pouco, pouco
Pulso, pulso




Deste modo, independente de qual seja a moléstia que te aflige enquanto pulsar o sangue e principalmente o desejo de solução há possibilidades de melhoras significativas!

Venha pulsar comigo no caminho da sua saúde bio-psico-social. Biológica, psicológica e social, com suas pessoas queridas.


Psicóloga Stael Rezende (UFSJ) - CRP-04\43387. 
                                     
staelcontato@hotmail.com e starezende2010@hotmail.com

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sábado, 25 de abril de 2015


Sobre dores e doenças

Mariza e Dorinha, vizinhas do 1º andar, encontram-se no corredor e têm o seguinte diálogo: Me conta uma coisa Mariza: Você se considera uma pessoa saudável?
Dorinha eu sempre fui saudável, criei meus três filhos, hoje já casados, trabalhando duro, não tinha sequer uma gripe, mas neste último ano tenho passado por maus bocados, ando tendo muitas dores e é como se elas estivessem espalhadas por todo o corpo, assim como aparecem outras doenças sem motivo aparente. Acho que estou com a imunidade muito baixa, apesar de me alimentar bem e exercitar-me com frequência. Cheguei a ficar acamada por alguns dias acredita? O trabalho todo acumulando, os clientes ligando, pelo menos eu trabalho em casa, se não teria que tirar uma licença.
Mas porque a pergunta? Ah, Mariza, porque eu também não estou nada bem, tenho enxaquecas infernais que persistem durante o dia e a noite, elas têm inclusive afetado o meu desempenho no trabalho, assim como com você, entretanto estou preocupada porque não posso perder o emprego, é meu único sustento.
Mas você dona Mariza tem que se cuidar, não pode deixar passar batido, podem ser sinais de problemas mais sérios. Há quanto tempo você não vai há algum médico, seja ele de que especialidade for?
Imagina! Minha vida agora transformou-se em uma maratona a consultórios. Fui a praticamente todas as especialidades nestes últimos dez dias. Dorinha, você não imagina, não sei se consegue compreender o que venho passando, estava praticamente tendo um colapso corporal, apareceram várias doenças de uma só vez. Os médicos pediram uma infinidade de exames e receitaram os remédios, muito caros por sinal.
Tomou muitas medicações então...E elas resolveram os seus problemas? Cada especialidade médica receitou um medicamento diferente e aliviou muito os sintomas sim, não posso negar.
Poxa que bom ouvir que você está mais aliviada dos incômodos, e os exames já ficaram prontos, constatou algo grave?
Aí é que está Dorinha, eu ainda sequer me curei completamente das doenças e os exames apontam com toda a certeza que a tecnologia pode oferecer: Eu não tenho NADA. Mas como Dorinha? Como eu não posso ter nada se os médicos viram que eu estava doente, minha família viu que eu estava mal, não foi teatro, eu não seria capaz de inventar uma doença, isso é impossível não é?
Eu já não entendo mais nada, o fato é que diante dos exames não apontarem nada os médicos disseram-me que minhas doenças poderiam estar sendo produzidas pela minha “mente”, que nosso organismo é muito complexo e que para mostrar que alguma coisa não vai bem com meus sentimentos e/ou com algo na minha vida eles produzem esses sintomas para chamar a minha atenção.
Poxa Mariza, que coisa difícil, como o ser humano é realmente complexo, eu já havia ouvido falar disso, lá no prédio que eu trabalho tem uma psicóloga, quando estou com muita enxaqueca ela diz que pode ser somatização, pergunta se estou bem, o que aconteceu no meu dia, como vão as coisas, mas já orientou também a procurar um neurologista, me deu um cartãozinho dele e tudo, porque do mesmo modo que pode ser somatização pode ser algo biológico né, é preciso analisar. Vou cuidar disso, não passa um dia dos 365  dias do ano que eu não exploda em dores de cabeça.
Dorinha, então nossa próxima missão é marcar seu neurologista. Mas como no meu caso já fiz todos os exames e deram negativo fui encaminhada exatamente para uma psicóloga e o jeito vai ser eu marcar uma sessão; te confesso que não me sinto confortável por ter que “passar” com uma psicóloga, mas se essa é uma tentativa para que curem-se essas doenças e não voltem a aparecer eu vou enfrentar, vou ligar assim que entrar em casa.
Temos que nos cuidar amiga, muitas vezes o stress do cotidiano e as emoções com as quais somos obrigadas a lidar acabam se manifestando, pedindo socorro, mas não podemos permitir que a dor nos paralise.








Psicóloga Stael Rezende (UFSJ) - CRP-04\43387.    
                                 
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sexta-feira, 24 de abril de 2015




Você, algum familiar, amigo ou afeto já recebeu um diagnóstico de alguma doença crônica? Na maioria das vezes grave?

Conhece alguma maneira de lidar com isso? Pois eu sei: Aceitar que você vai passar todos os dias e as noites na companhia da doença pelo resto de sua vida. Achou assustador? Imagina! Para além dos sintomas reais tem uma lista de restrições, exames, remédios e uma nova vida completamente oposta àquela antiga que você gostava tanto, mas sequer percebia o quanto gostava até que te roubassem dela sem lhe dar o direito nem de se despedir.  

Ah! A nova vida! Ela também é legal, pelo menos todos os dias da semana foram ocupados com consultas médicas. As secretárias não costumam ser polidas e nem os médicos atenciosos. Será que eles não percebem que as pessoas diante deles estão vulneráveis? Estão sofrendo o luto da boa vida que perderam e de tudo aquilo que ela poderia ter sido e não será? 
Mas parece que não, eles não se sensibilizam, a fala é totalmente mecânica, o que de modo algum retira a competência técnica dos diagnósticos, os aparelhos e exames estão a cada dia mais precisos. Gostaria que aos poucos eles se tornassem mais humanos, sensíveis e atenciosos e que uns contaminassem os outros com tais qualidades.

Voltemos ao diagnóstico: O nome técnico da moléstia é informado ao paciente seja ele qual for; assim como as restrições a que ele terá obrigatoriamente de obedecer senão sofrerá as consequências; os exames necessários com a respectiva periodicidade e as medicações de uso contínuo. Lembrando que ninguém explica que uso contínuo significa até que a morte os separe, "amém", isso o sujeito que descubra pelas farmácias da vida afora.

Desejaria eu que todos os pacientes não soubessem o significado de contínuo e crônico, pois senão eu imagino que muitos ficariam no hospital mesmo, os pobre coitados já entrariam em "parafuso" tentando calcular o custo das medicações, exames, enfim, muitos prefeririam uma doença letal do que o sacrifício financeiro de sustentar o tratamento, seja o seu, de um familiar, amigo ou afeto.

Mas este é apenas o choque inicial, a verdade é que a aceitação da doença é o primeiro passo para que as coisas se encaminhem para uma situação suportável, com o tempo confortável e depois até agradável, por que não? Mas para aceitar-se na identidade de uma pessoa com uma determinada patologia é preciso vencer o luto da vida saudável e de algumas perspectivas futuras que não serão mais possíveis. Elisabeth Kübler-Ross elaborou As cinco fases do luto, dizendo da morte propriamente dita, mas neste caso analisaremos o luto simbolicamente como o da vida saudável e o do que poderia ter sido e não foi não fossem as restrições da doença.


1. Negação e Isolamento: São Manifestadas geralmente com frases do tipo: "É impossível que isto esteja acontecendo comigo, eu frequentava a academia todos os dias, me alimentava bem, cuidava da saúde" "Deus não poderia ter me castigado"; Nesta fase que acontecem as atitudes inadequadas como negligenciar a medicação, utilizar bebidas alcoólicas quando o uso é proibido, insistir em não seguir as prescrições alimentares.
2. Raiva: Nesse momento a pessoa passa a odiar a existência de outras pessoas, quaisquer que sejam, quando ela vê ao seu redor, em uma praça, por exemplo ou nas ruas, as pessoas estão sorrindo e convivendo, se divertindo, supostamente gozando de plena saúde enquanto ela já não mais consegue esconder os sintomas, à despeito do tratamento. 
3. Barganha: A doença é sempre atribuída à algo ou alguém, sejam estes entes físicos ou imaterias, aqui a espiritualidade de cada um é o que vai se levar em conta, é com quem o doente acredita ser a pessoa responsável por sua patologia que ele vai estabelecer promessas e/ou trocas a respeito de sua vida e saúde. 
4. Depressão: Esta é a fase na qual, enfim, o doente aceita sua condição, sem outros subterfúgios, portanto é o momento de sofrimento profundo, o medo é o sentimento mais presente à medida que a consciência da finitude chega à consciência. 
5. Aceitação: nesse estágio a pessoa já não experimenta o desespero e não nega sua realidade. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações. 

As chances de abandono dos procedimentos no meio do caminho são muito comuns devido à severidade das restrições, dos efeitos colaterais dos medicamentos e do custo do tratamento quando a pessoa não estiver sendo tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para evitar que o tratamento seja interrompido, o que é extremamente danoso ao paciente ele deve sempre relatar ao médico os efeitos colaterais para que a medicação possa ser trocada; existem várias no mercado e infelizmente para as doenças crônicas é preciso muita paciência até que a dose e a medicação sejam ajustadas da melhor forma possível.

Os grupos de mútua ajuda têm tido fundamental importância na adesão das pessoas ao tratamento e manutenção para toda a vida, com a frequência neles a pessoa percebe que não é apenas ela que passa por tal situação, que existem tanto casos mais severos quanto mais brandos. Estar entre pares ajuda a superar o luto da identidade perdida e a construir uma nova por meio da identificação, projeção e introjeção das experiências dos novos parceiros. Destes grupos costumam surgir laços fortes de amizade e até mesmo relacionamentos afetivos, que, por incrível que pareça, foram construídos pela doença. 

Para alguns essas mudanças entram na rotina de forma tranquila. para outras o processo de aceitação é lento e gradual, depende de quanto tempo cada pessoa vai demorar na fase de negação, raiva...até que chegue à aceitação.    

Atravessar esse deserto não é coisa simples. Não se isole dos seus queridos apesar de ser esse o seu primeiro ímpeto, com o passar dos dias se abra com eles pois uma rede familiar e de amizades como suporte é o que vai te ajudar com o tratamento médico e também suporte emocional, mas para a maioria o apoio psicológico ajuda no processo de transformar a situação em suportável, com o tempo em confortável e depois até mesmo em agradável. Conte comigo!

Este site possui mais informações sobre como tem sido o trabalho do Ministério da Saúde, por meio do SUS
(Sistema Único de Saúde) no combate às doenças crônicas:

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11371&Itemid=697

Excertos extraídos e baseados na obra de Elizabeth Kübler-Ross, Sobre a morte e o morrer - Martins Fontes, 2002.


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