Você, algum familiar, amigo ou afeto já recebeu um diagnóstico de alguma doença crônica? Na maioria das vezes grave?
Conhece alguma maneira de lidar com isso? Pois eu sei: Aceitar que você vai passar todos os dias e as noites na companhia da doença pelo resto de sua vida. Achou assustador? Imagina! Para além dos sintomas reais tem uma lista de restrições, exames, remédios e uma nova vida completamente oposta àquela antiga que você gostava tanto, mas sequer percebia o quanto gostava até que te roubassem dela sem lhe dar o direito nem de se despedir.
Ah! A nova vida! Ela também é legal, pelo menos todos os dias da semana foram ocupados com consultas médicas. As secretárias não costumam ser polidas e nem os médicos atenciosos. Será que eles não percebem que as pessoas diante deles estão vulneráveis? Estão sofrendo o luto da boa vida que perderam e de tudo aquilo que ela poderia ter sido e não será?
Mas parece que não, eles não se sensibilizam, a fala é totalmente mecânica, o que de modo algum retira a competência técnica dos diagnósticos, os aparelhos e exames estão a cada dia mais precisos. Gostaria que aos poucos eles se tornassem mais humanos, sensíveis e atenciosos e que uns contaminassem os outros com tais qualidades.
Mas parece que não, eles não se sensibilizam, a fala é totalmente mecânica, o que de modo algum retira a competência técnica dos diagnósticos, os aparelhos e exames estão a cada dia mais precisos. Gostaria que aos poucos eles se tornassem mais humanos, sensíveis e atenciosos e que uns contaminassem os outros com tais qualidades.
Voltemos ao diagnóstico: O nome técnico da moléstia é informado ao paciente seja ele qual for; assim como as restrições a que ele terá obrigatoriamente de obedecer senão sofrerá as consequências; os exames necessários com a respectiva periodicidade e as medicações de uso contínuo. Lembrando que ninguém explica que uso contínuo significa até que a morte os separe, "amém", isso o sujeito que descubra pelas farmácias da vida afora.
Desejaria eu que todos os pacientes não soubessem o significado de contínuo e crônico, pois senão eu imagino que muitos ficariam no hospital mesmo, os pobre coitados já entrariam em "parafuso" tentando calcular o custo das medicações, exames, enfim, muitos prefeririam uma doença letal do que o sacrifício financeiro de sustentar o tratamento, seja o seu, de um familiar, amigo ou afeto.
Mas este é apenas o choque inicial, a verdade é que a aceitação da doença é o primeiro passo para que as coisas se encaminhem para uma situação suportável, com o tempo confortável e depois até agradável, por que não? Mas para aceitar-se na identidade de uma pessoa com uma determinada patologia é preciso vencer o luto da vida saudável e de algumas perspectivas futuras que não serão mais possíveis. Elisabeth Kübler-Ross elaborou As cinco fases do luto, dizendo da morte propriamente dita, mas neste caso analisaremos o luto simbolicamente como o da vida saudável e o do que poderia ter sido e não foi não fossem as restrições da doença.
Excertos extraídos e baseados na obra de Elizabeth Kübler-Ross, Sobre a morte e o morrer - Martins Fontes, 2002.
1. Negação e Isolamento: São Manifestadas geralmente com frases do tipo: "É impossível que isto esteja acontecendo comigo, eu frequentava a academia todos os dias, me alimentava bem, cuidava da saúde" "Deus não poderia ter me castigado"; Nesta fase que acontecem as atitudes inadequadas como negligenciar a medicação, utilizar bebidas alcoólicas quando o uso é proibido, insistir em não seguir as prescrições alimentares.
2. Raiva: Nesse momento a pessoa passa a odiar a existência de outras pessoas, quaisquer que sejam, quando ela vê ao seu redor, em uma praça, por exemplo ou nas ruas, as pessoas estão sorrindo e convivendo, se divertindo, supostamente gozando de plena saúde enquanto ela já não mais consegue esconder os sintomas, à despeito do tratamento.
3. Barganha: A doença é sempre atribuída à algo ou alguém, sejam estes entes físicos ou imaterias, aqui a espiritualidade de cada um é o que vai se levar em conta, é com quem o doente acredita ser a pessoa responsável por sua patologia que ele vai estabelecer promessas e/ou trocas a respeito de sua vida e saúde.
4. Depressão: Esta é a fase na qual, enfim, o doente aceita sua condição, sem outros subterfúgios, portanto é o momento de sofrimento profundo, o medo é o sentimento mais presente à medida que a consciência da finitude chega à consciência.
5. Aceitação: nesse estágio a pessoa já não experimenta o desespero e não nega sua realidade. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.
As chances de abandono dos procedimentos no meio do caminho são muito comuns devido à severidade das restrições, dos efeitos colaterais dos medicamentos e do custo do tratamento quando a pessoa não estiver sendo tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para evitar que o tratamento seja interrompido, o que é extremamente danoso ao paciente ele deve sempre relatar ao médico os efeitos colaterais para que a medicação possa ser trocada; existem várias no mercado e infelizmente para as doenças crônicas é preciso muita paciência até que a dose e a medicação sejam ajustadas da melhor forma possível.
Os grupos de mútua ajuda têm tido fundamental importância na adesão das pessoas ao tratamento e manutenção para toda a vida, com a frequência neles a pessoa percebe que não é apenas ela que passa por tal situação, que existem tanto casos mais severos quanto mais brandos. Estar entre pares ajuda a superar o luto da identidade perdida e a construir uma nova por meio da identificação, projeção e introjeção das experiências dos novos parceiros. Destes grupos costumam surgir laços fortes de amizade e até mesmo relacionamentos afetivos, que, por incrível que pareça, foram construídos pela doença.
Para alguns essas mudanças entram na rotina de forma tranquila. para outras o processo de aceitação é lento e gradual, depende de quanto tempo cada pessoa vai demorar na fase de negação, raiva...até que chegue à aceitação.
Atravessar esse deserto não é coisa simples. Não se isole dos seus queridos apesar de ser esse o seu primeiro ímpeto, com o passar dos dias se abra com eles pois uma rede familiar e de amizades como suporte é o que vai te ajudar com o tratamento médico e também suporte emocional, mas para a maioria o apoio psicológico ajuda no processo de transformar a situação em suportável, com o tempo em confortável e depois até mesmo em agradável. Conte comigo!
Este site possui mais informações sobre como tem sido o trabalho do Ministério da Saúde, por meio do SUS
(Sistema Único de Saúde) no combate às doenças crônicas:
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11371&Itemid=697Excertos extraídos e baseados na obra de Elizabeth Kübler-Ross, Sobre a morte e o morrer - Martins Fontes, 2002.
Psicóloga Stael Rezende - CRP-04\43387. (UFSJ)
staelcontato@hotmail.com e
starezende2010@hotmail.com
Telefones: (31) 7563-3841 (TIM) – (32)
85139852 (Claro)
http://lattes.cnpq.br/1366039229637223
Nenhum comentário:
Postar um comentário