sexta-feira, 24 de abril de 2015




Você, algum familiar, amigo ou afeto já recebeu um diagnóstico de alguma doença crônica? Na maioria das vezes grave?

Conhece alguma maneira de lidar com isso? Pois eu sei: Aceitar que você vai passar todos os dias e as noites na companhia da doença pelo resto de sua vida. Achou assustador? Imagina! Para além dos sintomas reais tem uma lista de restrições, exames, remédios e uma nova vida completamente oposta àquela antiga que você gostava tanto, mas sequer percebia o quanto gostava até que te roubassem dela sem lhe dar o direito nem de se despedir.  

Ah! A nova vida! Ela também é legal, pelo menos todos os dias da semana foram ocupados com consultas médicas. As secretárias não costumam ser polidas e nem os médicos atenciosos. Será que eles não percebem que as pessoas diante deles estão vulneráveis? Estão sofrendo o luto da boa vida que perderam e de tudo aquilo que ela poderia ter sido e não será? 
Mas parece que não, eles não se sensibilizam, a fala é totalmente mecânica, o que de modo algum retira a competência técnica dos diagnósticos, os aparelhos e exames estão a cada dia mais precisos. Gostaria que aos poucos eles se tornassem mais humanos, sensíveis e atenciosos e que uns contaminassem os outros com tais qualidades.

Voltemos ao diagnóstico: O nome técnico da moléstia é informado ao paciente seja ele qual for; assim como as restrições a que ele terá obrigatoriamente de obedecer senão sofrerá as consequências; os exames necessários com a respectiva periodicidade e as medicações de uso contínuo. Lembrando que ninguém explica que uso contínuo significa até que a morte os separe, "amém", isso o sujeito que descubra pelas farmácias da vida afora.

Desejaria eu que todos os pacientes não soubessem o significado de contínuo e crônico, pois senão eu imagino que muitos ficariam no hospital mesmo, os pobre coitados já entrariam em "parafuso" tentando calcular o custo das medicações, exames, enfim, muitos prefeririam uma doença letal do que o sacrifício financeiro de sustentar o tratamento, seja o seu, de um familiar, amigo ou afeto.

Mas este é apenas o choque inicial, a verdade é que a aceitação da doença é o primeiro passo para que as coisas se encaminhem para uma situação suportável, com o tempo confortável e depois até agradável, por que não? Mas para aceitar-se na identidade de uma pessoa com uma determinada patologia é preciso vencer o luto da vida saudável e de algumas perspectivas futuras que não serão mais possíveis. Elisabeth Kübler-Ross elaborou As cinco fases do luto, dizendo da morte propriamente dita, mas neste caso analisaremos o luto simbolicamente como o da vida saudável e o do que poderia ter sido e não foi não fossem as restrições da doença.


1. Negação e Isolamento: São Manifestadas geralmente com frases do tipo: "É impossível que isto esteja acontecendo comigo, eu frequentava a academia todos os dias, me alimentava bem, cuidava da saúde" "Deus não poderia ter me castigado"; Nesta fase que acontecem as atitudes inadequadas como negligenciar a medicação, utilizar bebidas alcoólicas quando o uso é proibido, insistir em não seguir as prescrições alimentares.
2. Raiva: Nesse momento a pessoa passa a odiar a existência de outras pessoas, quaisquer que sejam, quando ela vê ao seu redor, em uma praça, por exemplo ou nas ruas, as pessoas estão sorrindo e convivendo, se divertindo, supostamente gozando de plena saúde enquanto ela já não mais consegue esconder os sintomas, à despeito do tratamento. 
3. Barganha: A doença é sempre atribuída à algo ou alguém, sejam estes entes físicos ou imaterias, aqui a espiritualidade de cada um é o que vai se levar em conta, é com quem o doente acredita ser a pessoa responsável por sua patologia que ele vai estabelecer promessas e/ou trocas a respeito de sua vida e saúde. 
4. Depressão: Esta é a fase na qual, enfim, o doente aceita sua condição, sem outros subterfúgios, portanto é o momento de sofrimento profundo, o medo é o sentimento mais presente à medida que a consciência da finitude chega à consciência. 
5. Aceitação: nesse estágio a pessoa já não experimenta o desespero e não nega sua realidade. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações. 

As chances de abandono dos procedimentos no meio do caminho são muito comuns devido à severidade das restrições, dos efeitos colaterais dos medicamentos e do custo do tratamento quando a pessoa não estiver sendo tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para evitar que o tratamento seja interrompido, o que é extremamente danoso ao paciente ele deve sempre relatar ao médico os efeitos colaterais para que a medicação possa ser trocada; existem várias no mercado e infelizmente para as doenças crônicas é preciso muita paciência até que a dose e a medicação sejam ajustadas da melhor forma possível.

Os grupos de mútua ajuda têm tido fundamental importância na adesão das pessoas ao tratamento e manutenção para toda a vida, com a frequência neles a pessoa percebe que não é apenas ela que passa por tal situação, que existem tanto casos mais severos quanto mais brandos. Estar entre pares ajuda a superar o luto da identidade perdida e a construir uma nova por meio da identificação, projeção e introjeção das experiências dos novos parceiros. Destes grupos costumam surgir laços fortes de amizade e até mesmo relacionamentos afetivos, que, por incrível que pareça, foram construídos pela doença. 

Para alguns essas mudanças entram na rotina de forma tranquila. para outras o processo de aceitação é lento e gradual, depende de quanto tempo cada pessoa vai demorar na fase de negação, raiva...até que chegue à aceitação.    

Atravessar esse deserto não é coisa simples. Não se isole dos seus queridos apesar de ser esse o seu primeiro ímpeto, com o passar dos dias se abra com eles pois uma rede familiar e de amizades como suporte é o que vai te ajudar com o tratamento médico e também suporte emocional, mas para a maioria o apoio psicológico ajuda no processo de transformar a situação em suportável, com o tempo em confortável e depois até mesmo em agradável. Conte comigo!

Este site possui mais informações sobre como tem sido o trabalho do Ministério da Saúde, por meio do SUS
(Sistema Único de Saúde) no combate às doenças crônicas:

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=11371&Itemid=697

Excertos extraídos e baseados na obra de Elizabeth Kübler-Ross, Sobre a morte e o morrer - Martins Fontes, 2002.


Psicóloga Stael Rezende  - CRP-04\43387.  (UFSJ)  
                     
staelcontato@hotmail.com e starezende2010@hotmail.com

Telefones: (31) 7563-3841 (TIM) – (32) 85139852 (Claro)

 http://lattes.cnpq.br/1366039229637223

Nenhum comentário:

Postar um comentário